Trens de menos
Artigo publicado no Correio do Povo, de Porto Alegre, em 22/04/08:
Trens de menos
Luiz Carlos Vaz
Com a desestatização da ferrovia, a gerência privada das estradas de ferro do sul passou a ser feita em Curitiba. Em maio de 1997, por esta mesma página, alertei o Governo do Estado para o fato de estarmos, por isso, perdendo o poder político sobre a nossa ferrovia, no que fui, imediatamente, contestado pelo secretário dos Transportes de então, que dizia não passar de “informações mal havidas por pessimistas de plantão”, e que o Estado estava cuidando de sua ferrovia. Como o tempo é o senhor da razão, eis que o Correio do Povo, em oportuna e bem elaborada matéria (CP, 30/03/08), vem de dar voz, agora, a setores da sociedade que denunciam e lamentam a ausência dos trens para escoar a produção, principalmente na região das Missões, o que não acontecia no tempo da Rede Ferroviária, quando mais de três mil quilômetros de linhas férreas estavam ativos no RS. Hoje, há muitos trechos desativados e a conseqüência é o aumento do número de caminhões nas rodovias, congestionando-as e tornando-as ainda mais perigosas, sem contar o exagerado consumo de combustível. A queixa também é quanto ao descaso com o valioso patrimônio – que é de todos os brasileiros – parte dele entregue ao-deus-dará.
Disse bem o vice-presidente da Associação dos Ferroviários Aposentados do RS e ex-superintendente da Rede, eng. Edemar Mainardi, em entrevista ao CP, classificando de “atropelada” a desestatização da ferrovia com a entrega da RFFSA à iniciativa privada. A estatal funcionava bem, chegando a ser considerada modelo de gestão ao lado da Petrobrás e dos Correios. Mesmo tendo ficado refém da produção da soja a partir da década de 70, como lembrou Mainardi, a RFFSA conseguia manter o equilíbrio econômico e financeiro, sem depender do Governo. Mas, sem ela, o Governo deixou de contar com o seu maior instrumento para regular os preços dos fretes, pois era capaz de oferecer tarifas mais em conta quando pairava algum movimento para elevá-las no modal rodoviário.
Por isso, a ação de mentes nefastas, infiltradas em sucessivos governos, para desmoralizar e desmontar a RFFSA, levando-a finalmente à liquidação no ano passado, é um verdadeiro crime de lesa-pátria, que a sociedade assistiu e com o qual consentiu passivamente, mas que a história não deixará passar em branco.
Jornalista
Com a desestatização da ferrovia, a gerência privada das estradas de ferro do sul passou a ser feita em Curitiba. Em maio de 1997, por esta mesma página, alertei o Governo do Estado para o fato de estarmos, por isso, perdendo o poder político sobre a nossa ferrovia, no que fui, imediatamente, contestado pelo secretário dos Transportes de então, que dizia não passar de “informações mal havidas por pessimistas de plantão”, e que o Estado estava cuidando de sua ferrovia. Como o tempo é o senhor da razão, eis que o Correio do Povo, em oportuna e bem elaborada matéria (CP, 30/03/08), vem de dar voz, agora, a setores da sociedade que denunciam e lamentam a ausência dos trens para escoar a produção, principalmente na região das Missões, o que não acontecia no tempo da Rede Ferroviária, quando mais de três mil quilômetros de linhas férreas estavam ativos no RS. Hoje, há muitos trechos desativados e a conseqüência é o aumento do número de caminhões nas rodovias, congestionando-as e tornando-as ainda mais perigosas, sem contar o exagerado consumo de combustível. A queixa também é quanto ao descaso com o valioso patrimônio – que é de todos os brasileiros – parte dele entregue ao-deus-dará.
Disse bem o vice-presidente da Associação dos Ferroviários Aposentados do RS e ex-superintendente da Rede, eng. Edemar Mainardi, em entrevista ao CP, classificando de “atropelada” a desestatização da ferrovia com a entrega da RFFSA à iniciativa privada. A estatal funcionava bem, chegando a ser considerada modelo de gestão ao lado da Petrobrás e dos Correios. Mesmo tendo ficado refém da produção da soja a partir da década de 70, como lembrou Mainardi, a RFFSA conseguia manter o equilíbrio econômico e financeiro, sem depender do Governo. Mas, sem ela, o Governo deixou de contar com o seu maior instrumento para regular os preços dos fretes, pois era capaz de oferecer tarifas mais em conta quando pairava algum movimento para elevá-las no modal rodoviário.
Por isso, a ação de mentes nefastas, infiltradas em sucessivos governos, para desmoralizar e desmontar a RFFSA, levando-a finalmente à liquidação no ano passado, é um verdadeiro crime de lesa-pátria, que a sociedade assistiu e com o qual consentiu passivamente, mas que a história não deixará passar em branco.
Jornalista
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