FERROVIA BRASILEIRA: ABOMINÁVEIS DESATINOS

Em seu blog "Ferrovia: Vez e Voz", o jornalista ferroviário Fernando João Abelha Salles traça um paralelo (clique para ler) entre a ferrovia quando era gerida pela Rede Ferroviária Federal, e a ferrovia de hoje, que só existe para atender aos interesses dos amigos dos donos das concessionárias. A desestatização da RFFSA foi um dos maiores desastres ocorridos na economia do país e um verdadeiro crime lesa-pátria cometido pelos governantes de ontem e de hoje.
Eis o que diz Fernando Abelha com base no seu profundo conhecimento da ferrovia brasileira:
"De há muito o modal ferroviário está sem rumo, à matroca e por consequência atingiu um verdadeiro descalabro com desperdício de bilhões de reais sem que os responsáveis respondam por tamanha ruÍna, uma verdadeira derrota.
Cerca de 20 mil quilômetros de linhas ferroviárias foram abandonados à própria sorte pelas empresas que assumiram as concessões da extinta RFFSA e que hoje operam um pouco mais de 6 mil quilômetros.
Com a extensão de 27 mil quilômetros a extinta RFFSA situava-se em toda América do Sul como o principal modal no transporte de passageiros e toneladas quilômetros de cargas, em face do seu tamanho que se estendia pelo Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e parte da região Norte, fruto da concentração de 17 ferrovias que por todo o país operavam separadamente com sua própria e independente gestão.
Alguns luminares no final do século passado, na febre do neoliberalismo, doutrina em voga na época, que favorecia uma redução do papel do Estado na esfera econômica e social, cujos astros sem qualquer planejamento a médio e longo prazos, entregaram a RFFSA nas mãos de alguns empresários mercenários, todos já clientes da então RFFSA, que abandonaram milhares de quilômetros para utilizar, apenas, os trechos que lhes interessavam para o transporte de suas mercadorias. Assim, a carga geral foi transferida para os caminhões o que onerou significativamente os preços finais das mercadorias, além de ceifar centenas de vidas pelas rodovias, onde os acidentes cresceram assustadoramente.
E não parou por aí. Os ferroviários oriundos da extinta RFFSA estão sendo perseguidos com a perda de seus direitos, conquistados no decorrer de mais de um século de trabalho, além de a cada ano verem seus vencimentos minguarem por não ser concedida a atualização dos salários de acordo com os índices do INPC pleno, reconhecidos pelo governo, aos poucos ferroviários que ainda se encontram em atividade e, por consequência, aos aposentados e pensionistas. Como se não bastasse, recentemente a Transnordestina demitiu impiedosamente nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, os trabalhadores ferroviários transferidos para ela por sucessão trabalhista, inclusive as lideranças sindicais.
O que é de se estranhar que esses abomináveis desatinos não são apurados e os responsáveis, por tantos absurdos, estejam ilesos sem a nada responder."

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