O novo e inaceitável calçamento do Centro
Inegavelmente, a atual administração municipal realizou intervenções importantes na cidade
que de há muito eram reclamadas. E também descuidou com o que já estava feito e acabou
acontecendo o que todos nós presenciamos e lamentamos. Mas uma obra que ainda está em
andamento poderia vir a marcar positivamente a atual gestão não fossem os furos acumulados
pelo caminho. Refiro-me à restauração das vias que formam o quadrilátero principal do Centro
Histórico. Essa iniciativa era esperada há muito tempo por comerciantes e frequentadores
habituais do bairro que já não suportavam mais as más condições das ruas. De repente, a
Prefeitura anuncia a reforma do Centro, o que foi bastante festejado pois, enfim, os pedestres
poderiam se deslocar com segurança, os lojistas teriam facilitado os acessos aos seus
estabelecimentos e os turistas e visitantes ocasionais poderiam ter uma visão agradável desta
parte importante da cidade.
No entanto, pouco depois de iniciados os trabalhos, os primeiros sinais de desleixo, falta de
capricho, relaxamento e falta de vontade de fazer a coisa certa se mostraram aos olhos de
todos, e hoje as pessoas com quem se aborda esse assunto mostram-se desapontadas com o
rumo que a obra está tomando. Nota-se a pressa em terminar, pois perderam muito tempo no
período da enchente. Mas a pressa é inimiga da perfeição. Se não for possível a conclusão
ainda durante o atual mandato, paciência. O que o chefe do Executivo municipal não pode e
não deve é receber essa restauração da maneira como tudo leva a crer que vá acontecer,
senão, vejamos: grande parte do pavimento está sendo feito com blocos de concreto, muitos
já rachados, com pontas quebradas e falta de peças levando ao surgimento de buracos. Outra
parte é formada por grandes placas de concreto aplicadas em total desalinho e com grandes
vãos entre uma e outra, um perigo para senhoras e senhoritas que usam sapatos com salto
alto. Não existe harmonização alguma nos encontros de dois tipos de calçamento. Tudo está
feito de modo grosseiro. Entre as ruas Marechal Floriano e Vigário José Inácio, mantiveram os
paralelepípedos originais só que com um detalhe curioso: no trecho, há vários bueiros e não
houve a preocupação de rebaixá-los para ficar ao nível da rua. Partes da rua é que foram
elevadas para ficar emparelhadas aos bueiros... Outro aspecto que agride os olhos é que em
meio aos bueiros e o calçamento – em todas as ruas – jogaram concreto de qualquer jeito, sem
uniformidade alguma e o que temos agora é uma horrenda colcha de retalhos.
A atual situação leva à pergunta: quem fiscaliza as obras de reforma do calçamento do
quadrilátero central? Gente entendida é que não é. Como aconteceu quando trocaram o
calçamento do entorno da Praça XV, desta vez também duvido que tenha havido a
participação de técnicos que conheçam pavimentação -- faltou o velho e bom mestre-de-obras -- e o
resultado aí está para ser visto e lamentado pelos porto-alegrenses. E vai ser recebido assim pela
Prefeitura. Podem apostar.
OBS.: O texto acima foi postado no Facebook em agosto do ano passado e ao mesmo tempo enviado para um de nossos jornais para ser publicado em formas de artigo. Não saiu e, na verdade, eu era um dos poucos a me manifestar sobre essa monstruosidade que hoje toma conta do nosso Centro Histórico. Ao longo do tempo, fui fazendo alguns registros fotográficos da "grande obra" que aqui repriso. Na foto onde aparece um carro está a tampa de bueiro a que me refiro no texto, mais alta do que o nível da via.
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