A CAPA DA EDIÇÃO DO CORREIO QUE NÃO CIRCULOU
Pois o acaso me levou à tristeza de fazer a capa do Correio do Povo que não saiu, a 16 de junho de 1984, e à alegria de fazer a capa do Correio do Povo em seu retorno, em setembro de 86. Por partes. Trabalhei no CP até 1979 quando fui para a Rede Ferroviária. O Correio, nesse meio tempo, começou a enfrentar dias difíceis, muita gente havia saído, e um dia o colega Bruno Augé Ferreira, de saudosa memória – assessor dos Secretários de Redação Adail Borges Fortes da Silva e Antônio Carlos Ribeiro – me telefona perguntando se eu estaria disposto a trabalhar à noite na elaboração da capa do jornal. Convite aceito, fiquei ali por uns dois meses até que num sábado, material pronto para iniciar a diagramação da capa da edição de domingo, o diagramador Paulo Silva me dá uma notícia que a princípio recebi como piada. Disse-me que recolhesse o material porque o jornal não iria circular. Ato contínuo, a Rádio Guaíba divulga uma nota da empresa com a mesma informação e dando as razões. Recolhi o material mas não o guardei, tão incrível era a situação, pelo que me penitencio. Hoje poderia ser parte de acervo histórico - notícias de uma capa que não circulou. Passaram-se dois anos sem que o jornal voltasse aos seus leitores e a Caldas Júnior foi negociada. O novo dono pretendia trazer o CP de volta, mas isso tinha que ser rápido pois em pouco tempo se esgotaria o prazo para a manutenção do nome. Então, ele, certamente por indicações, convidou o veterano Wilson Zin para comandar uma equipe composta por Elcyr Silveira, Telmo Cardoso Costa, Roberto Silveira Tavarese por mim, e logo nos debruçamos sobre os arquivos do jornal e com base nele elaboramos três edições com retrospectivas dos primeiros anos do Correio, que foram distribuídas aos antigos assinantes. E elaboramos também uma edição da Folha da Tarde, igualmente para assegurar a posse do título. Passado algum tempo, o novo dono achou que já era hora de um jornal voltar a circular normalmente e coube a mim, como Secretário de Redação de Fechamento (Benito Giusti era o de Abertura e Antoninho Gonzales o de Planejamento), elaborar a capa da edição que trouxe de volta o então quase centenário jornal, tendo como manchete a exposição de Esteio. Eis, então, o meu modesto depoimento para a história do Correio do Povo. Continua. (Publicado simultaneamente em minha página no Facebook)
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