BRASIL ACORDA PARA A FERROVIA?

Saiu, na edição desta segunda-feira (28/05/18)
do Correio do Povo, o seguinte artigo de minha autoria sob o título acima:
"Pelo que se tem lido e ouvido, o Brasil inteiro começa a se perguntar por que o transporte ferroviário praticamente inexiste em um país de dimensões continentais. Sim, pois se compararmos com os 8 milhões e 516 mil quilômetros quadrados do território brasileiro a extensão da malha ferroviária atual, de menos de 30 mil quilômetros, é insignificante, insuficiente para atender às necessidades básicas do país de movimentação de suas safras ou das produções industriais.
Em países adiantados -- como até já teríamos condições de ser, não fosse a corrupção desenfreada -- todo o grande transporte, a grandes distâncias, é feito por trem, ficando para o caminhão a ligação entre as zonas produtoras e/ou industriais e as estações ferroviárias, onde se efetua o transbordo das mercadorias. Hoje, um motorista sai com seu caminhão do RS com destino a Natal, no RN, devendo percorrer uma distância aproximada de quatro mil quilômetros em mais de 50 horas (inunterruptas) de viagem caso não ocorram imprevistos. Mas devido ao estado de calamidade das nossas estradas, não há garantias que ele chegue ao seu destino sem antes enfrentar muitos dissabores.
A opção brasileira pelo rodoviarismo representa hoje desgaste exarcebado das rodovias, enormes riscos de graves acidentes com muitas mortes a lamentar e/ou onerando sobremaneira a previdência social no que se refere à assistência às vítimas; traduz-se também pela manutenção de policiamento ao longo das estradas. O consumo de combustível é outro fator a considerar se compararmos o rodoviarismo ao modal ferroviário. Pesquisa do IPEA mostra que o consumo de combustível por tonelada em uma ferrovia moderna equivale a apenas um quinto do consumo em uma rodovia igualmente moderna. A ferrovia MRS, em sua página, informa que um trem expresso que é usado para o transporte de contêineres é equivalente a uma frota de 50 caminhões. Já o trem de minério, normalmente composto por 134 vagões, transporta o peso equivalente a 500 caminhões.
Hoje, somos reféns do rodoviarismo, que parou o país. Não temos outra opção, nem mesmo a navegação, que é incipiente. Chegou a hora de o Brasil acordar para a ferrovia, que se transformou num caos a partir do criminoso desmantelamento da Rede Ferroviária. Afinal, era essa estatal o instrumento do Governo para estabelecer e controlar os preços dos fretes, e usada para realizar o transporte dito social. Hoje, cada um faz o que quer e bem entende pois a ANTT não controla nada. Coisa de Brasil!..." (A foto é de David Langdon/Rail Picture.net)

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